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Combatividade ao desgoverno de Bolsonaro e foco na construção partidária foram as marcas principais da abertura da 22ª Conferência Estadual do PCdoB de Pernambuco, que aconteceu na noite desta sexta-feira (1º). O encontro está sendo realizado de forma online, em sala de teleconferência, e teve o ato de abertura — do qual participaram a presidenta nacional do partido, Luciana Santos, o deputado federal Renildo Calheiros e o presidente estadual Marcelino Granja, entre outras lideranças — transmitido pelo canal do partido no YouTube.

Após a aprovação do regimento e composição da mesa da conferência, sob a direção de José Bertotti, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, Guilherme Carapeba, secretário estadual de Finanças do PCdoB e Amanda Melo, da comissão de Organização, teve início o ato político de abertura.

O primeiro a saudar o coletivo foi o deputado federal Renildo Calheiros, que relembrou o papel das elites brasileiras nos momentos de inflexão na história brasileira, sob a ótica do combate aos governos populares, analisando as estratégias utilizadas em cada momento, desde o uso da força — comum nos períodos de ditadura —, até a complexidade dos momentos mais recentes, em que utilizaram as próprias estruturas institucionais do Estado como os poderes Legislativo e Judiciário.

O líder do PCdoB na Câmara falou, ainda, sobre o perfil entreguista do Governo Bolsonaro, listando ações como o desmonte das relações de trabalho, a política de privatizações e os cortes significativos nos orçamentos da Saúde e da Educação. Sobre as lutas no Congresso Nacional, destacou as articulações da bancada de oposição e do próprio PCdoB, para garantir o auxílio emergencial e os esforços para impedir que os impactos da pandemia fossem ainda maiores.

Sobre a necessidade de mudança desse contexto de ataques aos direitos do povo brasileiro e para construir uma frente de combate a Bolsonaro, Renildo destacou: “Precisamos compreender que derrotar Bolsonaro não é uma luta só da esquerda, é uma luta de toda a sociedade, de quem defende a democracia. Todos que se disponham a lutar contra Bolsonaro terão que ser bem-vindos e incentivados. Essa é a experiência que os povos acumularam. A luta contra o fascismo precisa da união de todas as forças”.

Federações partidárias revelaram a força do PCdoB

Tema quente na semana, a derrubada ao veto as federações partidárias foi abordado por Renildo. Além de recuperar o histórico das mobilizações pela aprovação da lei e para derrubada do veto, o deputado falou sobre as possibilidades que se abrem com a instituição desse novo instrumento político-partidário. “Temos agora um desafio de compreender esse novo momento e formular uma tática acertada para essa situação que está sendo criada, para dar ao nosso partido um resultado eleitoral do lastro do que ele representa politicamente e na história do Brasil”.

O tema também foi abordado pela presidenta nacional do partido, Luciana Santos, que disse que em momentos difíceis o PCdoB se agiganta. “Derrotamos um veto de Bolsonaro na raça. Sem ter um único senador, articulamos a derrubada do veto no Senado. O glorioso PCdoB, com sua bancada liderada por Renildo Calheiros, mostrou valentia, autoridade e capacidade política indiscutível”.

Luciana expressou que o momento do 15° Congresso do PCdoB— auge da democracia interna — servirá também para discutir os desdobramentos dessa conquista, as alianças e instrumentos para enfrentar o período eleitoral e discutir uma agenda de retomada nacional no ano do seu centenário.
“Vamos completar 100 anos com vigor, com a justeza das ideias, com a afirmação da nossa perspectiva que é a construção do socialismo no Brasil, com muito mais entusiasmo, com muito mais ênfase, exatamente porque se abre o contexto diferente, uma virada na conjuntura política em que podemos derrotar Bolsonaro, constituir uma frente ampla e eleger um governo da República que possa atender às expectativas do povo brasileiro”.

Povo na rua para acabar com o pior governo do mundo

A presidenta denunciou, ainda, o caráter neofacista e negacionista do Governo Federal, que levou à morte de quase 600 mil pessoas em nosso país, fruto de uma política que ignorou as orientações das autoridades sanitárias e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Essa postura, aliada à incompetência para lidar com a crise econômica são apontadas por Luciana como pontos de tensão que contribuem para o isolamento e rejeição crescentes ao presidente. Para ela, a insatisfação precisa ter reflexo nas ruas, e por isso o PCdoB e as forças vivas da sociedade precisam estar massivamente presentes nos atos convocados para os dias 2 de outubro e 15 de novembro.

“Só um grande movimento das forças vivas da sociedade brasileira, de trabalhadores a empresários, passando pelos descontentes, tornará possível mudar a correlação de forças e reverter esse jogo tão difícil num ambiente de complexidade e crises múltiplas que estamos atravessando”, reforçou Luciana.

Partido forte para enfrentar os desafios no estado

O presidente estadual do partido, Marcelino Granja, falou sobre a atuação do coletivo em Pernambuco e os desafios que se apresentam para os próximos períodos. A partir da análise dos atos do último sete de setembro, apontou o enfraquecimento de Bolsonaro e sua disposição em tomar decisões extremas como pontos relevantes a serem considerados. Ponderou que sob as movimentações de todas as forças políticas pesarão as repercussões da crise econômica, agravada pela pandemia, para a vida do povo e que o partido precisa ter capacidade de resposta nesse contexto.

Entre os desafios imediatos para o coletivo estadual, Granja destacou que é preciso contribuir para derrotar Bolsonaro, continuar o ciclo progressista iniciado em 2001 com a eleição de Luciana Santos em Olinda e João Paulo/Luciano Siqueira no Recife, eleger representantes no parlamento estadual e federal e, fortalecer a liderança de Luciana Santos no âmbito estadual.

“O PCdoB deve lutar pelo fortalecimento da Frente Popular, contribuindo para ampliar o seu leque de forças. Deve apresentar ao povo uma proposta de retomada das ações estruturantes, de um novo ciclo que necessitará da renovação das estratégias de desenvolvimento, com sustentabilidade”, pontuou.

Ele discorreu, ainda, sobre as necessidades de organização interna — de mobilizações de base, novas filiações, finanças e comunicação, entre outras, — para consolidação do partido forte, necessário para condução desse novo ciclo. “O PCdoB é força destacada no estado. Os bons resultados são fruto do trabalho persistente e de tática política acertada, centrada na luta e na união do povo. Tivemos êxitos importantes, que nos permitem avançar, e podemos resumidamente dizer que o partido não se isolou e lutou pela unidade do povo, contribuindo e buscando – mesmo diante de situações adversas – a mobilização popular”.

Um partido imprescindível

Convidados de vários partidos fizeram saudações aos comunistas através de mensagens aos conferencistas. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, destacou a importância da parceria e a capacidade de renovação e interlocução do PCdoB com o povo e seus anseios. “O PCdoB é, e continuará sendo imprescindível ao Brasil”.

Outas lideranças do estado também saudaram o partido e reforçaram a ideia de unidade e resistência: os deputado federais André de Paula, presidente estadual do PSD, e Silvio Costa Filho, presidente estadual do Republicanos; a vereadora do Recife, Dani Portela, do PSOL; o senador Humberto Costa (PT); o presidente do PT em Pernambuco, deputado Doriel Barros e o secretário de Desenvolvimento Social e presidente estadual do PSB, Sileno Guedes.

Do Recife,
Ana Cristina Santos