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PCdoB de PE fecha com chave de ouro sua 22ª Conferência do 15º Congresso Nacional

Combate ao (des)governo Bolsonaro e foco na construção partidária são as marcas principais da 22ª Conferência Estadual do PCdoB de Pernambuco, que aconteceu de sexta-feira (1º/10) até domingo (3).  O encontro aconteceu por meio de teleconferência, com transmissão pelo canal do PCdoB-PE no Youtube. Do ato de abertura participaram a presidenta nacional do partido, Luciana Santos; o deputado federal Renildo Calheiros; e o presidente estadual Marcelino Granja, entre outras lideranças.

Um partido imprescindível

Em mensagens gravadas em vídeo, convidados de vários partidos saudaram os conferencistas. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), destacou a importância da parceria e a capacidade de renovação e interlocução do PCdoB com o povo e seus anseios.  “O PCdoB é e continuará sendo imprescindível ao Brasil”, afirmou. Também saudaram os comunistas, os deputados federais André de Paula, presidente estadual do PSD; Silvio Costa Filho, presidente estadual do Republicanos; a vereadora do Recife, Dani Portela, do PSOL; o senador Humberto Costa (PT); o presidente do PT em Pernambuco, deputado Doriel Barros;  e o secretário de Desenvolvimento Social e presidente estadual do PSB, Sileno Guedes.

No sábado (2), os dirigentes se mobilizaram para a manifestação vitoriosa contra Bolsonaro, que saiu da Praça do Derby e invadiu as principais vias do centro do Recife.

Logo cedo, no domingo, a conferência estadual foi retomada com a intervenção do secretário Nacional de Comunicação do partido, Adalberto Monteiro. Em seguida, o secretário de Organização, Ossi Ferreira, fez o Balanço da atividade partidária nos últimos dois anos, seguido pelas intervenções de dezenas de delegados(as), que em seus pronunciamentos contribuíram para a formulação política finalmente aprovada pelo coletivo.

Os delegados e as delegadas à 22ª Conferência foram eleitos(as) em 38 Conferências Municipais, que reuniram 1500 filiados em todo o estado de Pernambuco e indicaram 277 delegados para a Assembleia final da Conferência. Para a plenária final do 15º Congresso do PCdoB foram eleitos(as) 30 delegados e delegadas. A conferência estadual elegeu ainda 67 membros para o novo Comitê Estadual e reelegeu Marcelino Granja e Alanir Cardoso presidente e vice-presidente, respectivamente, para um novo mandato de dois anos

Partido forte para enfrentar os desafios no estado

Ainda no domingo, o presidente estadual do partido, Marcelino Granja, falou sobre a atuação do coletivo em Pernambuco e os desafios que se apresentam para os próximos períodos. A partir da análise dos atos do último 7 de Setembro, apontou o enfraquecimento de Bolsonaro e sua disposição em tomar decisões extremas como pontos relevantes a serem considerados. Ponderou, que as movimentações de todas as forças políticas sofrerão os impactos e as repercussões da crise econômica, agravada pela pandemia, afetando a vida do povo, destacando que o partido precisa ter capacidade de dar respostas políticas nesse contexto.

Entre os desafios imediatos para os militantes do PCdoB estadual, Granja enfatizou que é preciso contribuir para derrotar Bolsonaro; continuar o ciclo progressista iniciado em 2001 com a eleição de Luciana Santos, em Olinda, e de João Paulo/Luciano Siqueira, no Recife; eleger representantes no parlamento estadual e federal e, fortalecer a liderança da vice-governadora Luciana Santos no âmbito estadual. “O PCdoB deve lutar pelo fortalecimento da Frente Popular, contribuindo para ampliar o seu leque de forças. Deve apresentar ao povo uma proposta de retomada das ações estruturantes, de um novo ciclo que necessitará da renovação das estratégias de desenvolvimento, com sustentabilidade”, pontuou Marcelino.

Ele discorreu, ainda, sobre a necessidade de aprimorar a organização interna — de mobilização das bases partidárias, de novas filiações, finanças e comunicação, entre outras dimensões, — para a consolidação de um partido forte, necessário para condução desse novo ciclo.  “O PCdoB é força destacada no estado. Os bons resultados obtidos são fruto do trabalho persistente e de tática política acertada, centrada na luta e na união do povo. Tivemos êxitos importantes, que nos permitem avançar, e podemos, resumidamente, dizer que o partido não se isolou e lutou pela unidade do povo, contribuindo e buscando – mesmo diante de situações adversas – a mobilização popular”.

A emoção de Renildo Calheiros, líder do PCdoB na Câmara dos Deputados

Em sua saudação aos conferencistas, o deputado federal Renildo Calheiros relembrou o papel das elites brasileiras nos momentos de inflexão na História brasileira, sempre sob a ótica do combate aos governos populares, analisando as estratégias utilizadas em cada momento, desde o uso da força — comum nos períodos de ditadura —, até a ilegalidade institucionalizada dos momentos mais recentes, em que foram usadas as próprias estruturas do Estado, como os poderes Legislativo e Judiciário.

O líder do PCdoB na Câmara dos Deputados falou, ainda, sobre o perfil entreguista do Governo Bolsonaro, listando ações como o desmonte das relações de trabalho; a política de privatizações e os cortes significativos nos orçamentos da Saúde e da Educação. Sobre as lutas no Congresso Nacional, destacou as articulações da bancada de oposição e do próprio PCdoB, para garantir o auxílio emergencial e os esforços para impedir que os impactos da pandemia fossem ainda maiores.

Sobre a necessidade de mudança desse contexto de ataques aos direitos do povo brasileiro e para construir uma frente de combate a Bolsonaro, Renildo afirmou: “Precisamos compreender que derrotar Bolsonaro não é uma luta só da esquerda, é uma luta de toda a sociedade, de quem defende a democracia. Todos que se disponham a lutar contra Bolsonaro terão de ser bem–vindos e incentivados. Essa é a experiência que os povos acumularam. A luta contra o neofascismo precisa da união de todas as forças”, insistiu Renildo bastante emocionado.

Federações partidárias revelaram a força do PCdoB

Tema quente na semana, a derrubada ao veto de Bolsonaro ao projeto das federações partidárias foi também abordada por Renildo. Além de recuperar o histórico das mobilizações pela aprovação da lei e para derrubada do veto, o deputado falou sobre as possibilidades que se abrem com a instituição desse novo instrumento político-partidário. “Temos agora o desafio de compreender esse novo momento e formular uma tática acertada para essa situação que está sendo criada, para dar ao nosso partido um resultado eleitoral do lastro do que ele representa politicamente e na história do Brasil”.

O tema também foi abordado pela presidenta nacional do partido, Luciana Santos, para quem em momentos difíceis o PCdoB se agiganta. “Derrotamos o veto de Bolsonaro na raça. Sem ter um único senador, articulamos a derrubada do veto no Senado, contando com o trabalho de nossos ex-senadores, Inácio Arruda e Vanessa Grazziotin. O glorioso PCdoB, com sua bancada liderada por Renildo Calheiros, mostrou valentia, autoridade e capacidade política indiscutível”.

Luciana destacou que a realização do 15º Congresso do PCdoB— auge da democracia interna — servirá também para discutir os desdobramentos da luta política, as alianças e instrumentos para enfrentar o período eleitoral e discutir uma agenda de retomada de um projeto nacional no ano do centenário do partido. “Vamos completar 100 anos com vigor, com a justeza das ideias, com a afirmação da nossa perspectiva que é a construção do socialismo no Brasil, com muito mais entusiasmo, com muito mais ênfase, exatamente porque se abre um contexto diferente, uma virada na conjuntura política em que podemos derrotar Bolsonaro, constituir uma frente ampla e eleger um governo da República que possa atender às expectativas do povo brasileiro”.

Povo na rua para acabar com o pior governo do mundo

A presidenta denunciou, ainda, o caráter neofacista e negacionista do governo federal, que levou à morte quase 600 mil pessoas em nosso país, fruto de uma política que ignorou as orientações das autoridades sanitárias e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além do escândalo de corrupção na compra de vacinas desvendada pela CPI do Senado Federal.

Essa postura — aliada à incompetência para lidar com a crise econômica — são apontadas por Luciana como pontos de tensão que contribuem para o isolamento e rejeição crescentes ao presidente. Para ela, a insatisfação precisa ter reflexo nas ruas e por isso o PCdoB e as forças vivas da sociedade que estiveram presentes aos atos convocados para o dia 2 de outubro e que se preparam para o dia 15 de novembro. “Só um grande movimento massivo da sociedade brasileira, de trabalhadores a empresários, passando por todos os descontentes, tornará possível mudar a correlação de forças e reverter esse jogo tão difícil num ambiente de complexidade e crises múltiplas que estamos atravessando”.

Do Recife, Pedro de Oliveira e Ana Cristina Santos (cobertura e texto) e Audicéa Rodrigues (edição geral).