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O Dia Internacional da Mulher não é uma data de flores e mimos. É, antes de mais nada, um momento para se reconhecer a legitimidade de nossa luta por igualdade de direitos. Luta que não começou em 1975, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu formalmente o 8 de março como Dia Internacional da Mulher. Ela nasceu muito antes, marcada pela tomada de consciência e pela luta das mulheres trabalhadoras mundo afora, com a determinação de conquistar condições mais dignas de trabalho nas fábricas e depois assumiu um caráter verdadeiramente revolucionário.

Muitos lembram do incêndio criminoso ocorrido em Nova Iorque, no dia 25 de março de 1911, quando 125 operárias morreram ao ter os portões da fábrica fechados para evitar greves e motins. Mas foi ainda antes disso, em agosto de 1910, que a comunista alemã Clara Zetkin propôs, durante reunião da Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, a criação de uma jornada de manifestações pela igualdade de direitos. E o maior dos marcos históricos do 8 de março a ser resgatado do apagamento: em 1917, um grupo de operárias saiu às ruas de São Petersburgo para protestar contra a fome e a Primeira Guerra Mundial, movimento que seria o pontapé para a Revolução Russa.

Mais de 100 anos passados após essas lutas, conquistas foram asseguradas, mas a desigualdade de direitos persiste.

Continuamos trabalhando mais e ganhando menos que os homens e ainda absorvemos praticamente todas as tarefas domésticas. Como se não bastasse, pesa sobre nós a cobrança social de cuidar do outro, seja ele filho, marido ou parente doente.
Este ano, mais uma pauta se agrega fortemente a essa agenda de lutas: a defesa da nossa jovem democracia, seriamente ameaçada por um governo ultraconservador, de viés autoritário, sob o qual pesa a gravíssima acusação de estar convocando a população para se manifestar contra instituições fundamentais para a manutenção do estado democrático de direito como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.

Por isso, convocamos a todas as mulheres e homens de boa vontade para se unirem a nós nessa mobilização. Não podemos esquecer que, historicamente, quando o fascismo apresenta sua face cruel, somos nós, mulheres, as primeiras a sentir o peso de sua influência nefasta, com a perda de direitos duramente conquistados e repressão no campo dos costumes. Junte-se a nós: 8 de março é mais que uma flor.

É flor e luta!

Publicado originalmente na página do Facebook da autora.

(*) Cida Pedrosa é advogada, poetisa, escritora, secretária da Mulher do Recife e dirigente comunista.