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Os 99 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) foram objeto de pronunciamento do deputado estadual pelo partido, João Paulo Lima, durante Reunião Plenária virtual da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe) realizada nesta quinta-feira, 25.

“Nesses 99 anos e daqui adiante, o PCdoB quer especialmente engrossar sua luta contra o fascismo, mas com o sentido de uma frente, junto a um arco maior da sociedade, tendo a democracia como ponto inegociável”, disse o parlamentar comunista em um trecho de seu discurso.

“Não menos importante, neste momento de pandemia, tem sido sua intransigente defesa da vida e sua luta contra o morticínio promovido pelo coronavírus em sua associação com um temerário presidente da República que trabalha para a disseminação da doença e não para o seu fim. Diante desse genocídio, o partido não ficará calado”, completou.

Leia abaixo a íntegra do pronunciamento do deputado João Paulo.

“Deputadas e deputados aqui presentes,

Hoje, 25 de março, o Partido Comunista do Brasil, o PCdoB, completa 99 anos. É a agremiação política mais antiga do Brasil, que chega próximo ao centenário como testemunha e ativo agente da conturbada história do Brasil e do mundo – em meio à guerra contra o nazismo, em meados do século passado, às grandes transformações tecnológicas e às ditaduras em nosso próprio País.

O PCdoB encarou as grandes lutas contra a exploração e a violência e sempre esteve ao lado da Justiça social e da democracia, sem nunca se arredar da oposição às iniquidades do modelo capitalista que persistem atualmente. Sob novas formas, mas não menos graves do que as de antigamente.

O PCdoB do século 21 mantém-se firme em defesa da essência socialista, como instrumento da sociedade atento às nossas transformações culturais e está ao lado dos trabalhadores e dos mais pobres, em nome de um projeto nacional de desenvolvimento capaz de reduzir as imensas desigualdades sociais do País. Em sua existência, o partido sempre procurou fugir do sectarismo, ajudou a promover alianças e ampliar o debate, como fez nas campanhas democráticas contra a ditadura de 1964 e na jornada vitoriosa que levou Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.

Semelhante sentimento de unidade popular está de volta nesta difícil fase do Brasil, em que luta contra uma pandemia e contra um presidente da República que, na prática, é um aliado do vírus, um reconhecido genocida como não se via desde a grande guerra. O partido está em luta contra o fascismo, pelos direitos dos trabalhadores, das mulheres, da juventude, dos negros e da população LGBT. O PCdoB também tem sido um permanente defensor da soberania nacional, com posição contrária ao modelo privatista, vigente no atual governo ultraliberal.

Perseguições e lutas

Senhor presidente, desde sua fundação, em 1922, o PCdoB é perseguido duramente pelas forças conservadoras e pelas ditaduras do Estado Novo e dos militares. Levantou a bandeira da Anistia e incluiu na Constituição de 1945 o artigo que garantia a liberdade religiosa. A legenda do PCdoB está ligada a todas as lutas e conquistas do povo brasileiro. Foi o primeiro partido a defender a reforma agrária, a criação dos direitos sociais e trabalhistas (como a jornada de trabalho de 8 horas diárias, o direito a férias, aposentadoria, 13o salário, saúde, educação e a previdência pública).

Em defesa dessas ideias, o PCdoB foi perseguido e amargou a maior parte de sua existência na clandestinidade. Mas sempre se manteve na luta. Muitas vezes não foram lutas sem sangue. Dezenas de camaradas foram presos, torturados e mortos durante a ditadura militar. Há 43 anos, no episódio que ficou conhecido como “Chacina da Lapa”, os camaradas do PC do B foram vítimas da última atrocidade dos ditadores: agentes do governo invadiram uma casa no bairro paulistano da Lapa, onde se reunia parte da direção nacional do partido.

Do violento ataque restaram mortos o histórico dirigente Pedro Pomar e Ângelo Arroyo, um dos comandantes da guerrilha do Araguaia, além de João Batista Drumond, jovem dirigente assassinado sob tortura já no dia seguinte. E foram presos Aldo Arantes, Wladimir Pomar, Elza Monerat, Joaquim Celso de Lima,Maria Trindade e Haroldo Lima, um bravo lutador que perdemos ontem, mais uma vítima da Covid e do governo Bolsonaro. Haroldo, presente.

Nesses 99 anos e daqui adiante, o PCdoB quer especialmente engrossar sua luta contra o fascismo, mas com o sentido de uma frente, junto a um arco maior da sociedade, tendo a democracia como ponto inegociável. Não menos importante, neste momento de pandemia, tem sido sua intransigente defesa da vida e sua luta contra o morticínio promovido pelo coronavírus em sua associação com um temerário presidente da República que trabalha para a disseminação da doença e não para o seu fim. Diante desse genocídio, o partido não ficará calado.

O PCdoB se manterá firme, como em outras ocasiões, sempre trabalhando com orgulho e disposição pelo crescimento do partido, a partir de novas ideias e novas realidades, mas ainda sob inspiração das lutas de décadas e décadas atrás, em busca de contribuir para a solução dos grandes problemas sociais, econômicos e políticos que nos afligiam em 1922 e nos afligem até hoje.

Longa vida ao PCdoB. Viva o socialismo. Viva o Brasil!”

Foto: Roberto Soares/Alepe